E portanto é Natal!
Da janela do meu quarto,
Vejo, perto de mim,
Um vulto no meio dos campos,
A cambalear, desajeitado.
É um sem-abrigo
Perdido nas intempéries da vida.
Ouço o sibilar furioso do vento,
Entre as frinchas,
Das telhas, dos telhados.
Vejo os flocos de neve,
A taparem as friestas
Da janela do meu
quarto.
Ouço choros.
De crianças famintas,
Em desespero.
Ouço discussões longínquas,
Entre seres amados,
De corações destroçados!
Sinto a falta de compreensão,
Da nossa humanidade!
Vejo lágrimas nos rostos,
Em grande quantidade!
Vejo famílias carenciadas,
Sem um naco de pão.
E portanto é Natal!
Da janela do meu quarto,
Vejo pessoas a correrem
De um lado para outro,
Numa azáfama desmedida,
A comprarem as prendas
E a fazerem as encomendas!
Vejo mesas recheadas
De extravagâncias.
Vejo a alegria
No rosto das crianças!
Vejo árvores de Natal
Com ornamentos
excessivos…
Com tantas luzes a cintilar
Que nem podem respirar!
Sinto o calor dos lares,
Que aquece corações felizes.
Vejo canhotas a crepitarem
Nas lareiras acesas,
Vejo muitos pacotes
embrulhados,
Debaixo da chaminé!
Vejo no presépio, Maria e José!
E portanto é também Natal!
Cândida Passos
dezembro 2013
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