A minha vizinha
-Mãe,
onde está a minha sapatilha? -gritou Mariana.
-Está
na varanda. Estive a limpá-las. -respondeu a mãe.
-
Mas…Não estou aqui.
-Então
procura!-resmungou de novo a sua mãe.
Mariana
foi à varanda de novo, pendurou-se na grade e olhou para baixo.
-Ah! A
minha sapatilha! Como é que ela foi parar à casa da Sra. Gorete?
Mariana
vivia com os seus pais e com a sua irmã no quinto andar de um apartamento em
Lisboa. No andar de baixo, o quarto andar, vivia uma velha sinistra, chamada
Gorete. Havia rumores de que ela era uma bruxa, pois ela raramente saía de casa
e quando caíam coisas na sua varanda, elas desapareciam misteriosamente…Os pais
de Mariana e Alice tinham-lhes dito para terem cuidado com a velhota.
Agora
Mariana tinha um problema, a sua sapatilha tinha ido para à varanda da Sra.
Gorete. Como iria ela buscá-la? Depois de muito pensar decidiu ficar sem a
sapatilha. Era o mais seguro.
No
dia seguinte, ao jantar, a conversa foi séria:
-Pai!
Mãe! Tenho novidades. -começou Alice animada.
-
Diz filha.
-
Recebi hoje os resultados dos exames para entrar na faculdade. Tive
dezanove!-gritou ela dando um salto da cadeira.
-Que
bom!-disseram os pais em coro.
-É,
não é? E não se preocupem. Já arranjei uma solução. A tia deixou-me ficar no apartamento
dela, no Porto. -informou.
-Ótimo!-exclamou
o pai.
-
Calma Daniel, pensa onde é que a Mariana vai ficar nas férias de Natal que são
já daqui a três dias. - preocupou-se a mãe.
-
Fico em casa. -sugeriu a menina.
-
Sozinha?!-exclamaram os pais em uníssono.
-Sim,
qual é o mal. A Mariana já tem treze anos. Já não é nenhum bebé. Pode
perfeitamente ficar sozinha em casa.- argumentou a Alice, a favor da irmã.
-
Pronto. Está Bem. Ficas em casa sozinha, mas já sabes as regras. “Não abras a
porta a estranhos!”
Os
três dias passaram a correr, principalmente o fim-de-semana.
Segunda-feira
Alice acordou bem cedo para apanhar o comboio. “Dling ,dlong…”
Era
meio-dia e Mariana ainda não tinha acordado. Foi acordada pela acampainha que
entoava bem alto. Com dificuldade, Mariana espreitou pelo buraquinho da porta.
Não se conseguia perceber bem quem era, mas parecia a velhota e era muito
baixa. Ficou muito tempo a pensar quem seria aquela mulher, mas a voz que vinha
do outro lado da porta interrompeu os seus pensamentos.
-Olá.
Vim entregar uma sapatilha. Acho que pode ser de alguém daqui.
Mariana
ficou com medo. Apercebera-se de que a senhora que estava à porta era a Senhora
Gorete. Não lhe respondeu. Passado algum tempo, a velha foi-se embora.
Depois
de algum tempo Mariana sentiu-se mal com a sua atitude. Então vestiu-se e
desceu ao quarto andar. Respirou fundo e tocou à campainha.
-
Pode entrar. -disse uma voz fina e tremelicada.
A
casa da Sra. Gorete era muito velha e cheirava a mofo.
-Ó
minha filha. -disse ela. -Tenho aqui a tua sapatilha.
Ao
dizer aquilo dirigiu-se para um canto da sala onde se encontrava um baú. Ao
abri-lo, Mariana verificou que este estava cheio de bolas, de raquetes, e
outros brinquedos de plástico.
-Por
que é que o baú esta cheio de brinquedos?- quis saber ela.
-Sabes,
filha desse que o meu marido faleceu eu não gosto de sair de casa e as luz que
as janelas irradiam quando estão abertas, atrapalha-me. Desde aí as pessoas
arranjaram rumores de que sou uma bruxa. E que faço desaparecer os brinquedos
que caem na minha varanda usando uma poção mágica.
-A
senhora não tem filhos?- quis saber Mariana.
-Tinha
uma menina que era muito bonita, ruiva de olhos verdes. Tal e qual como tu. Só
que infelizmente faleceu há dez anos, quando tinha apenas três.
Mariana
sentiu pena da senhora. Chegou perto dela e deu-lhe o abraça mis apertado da
sua vida. E assim fez-se uma grande amizade. Durante as férias Mariana
arranjava sempre um tempinho para fazer companhia à senhora. Ora um dia chegou
mesmo convidá-la para ir lá dormir. Tendo conseguido convencer os pais Mariana
Lá ficou. Ao meio da noite ouviu uns ruídos estranhos vindos do quarto da
senhora. Foi ter com ela e viu que estava a sentir-se muito mal. Chamou uma
ambulância e foi levada para o hospital.
No
dia seguinte foi visitá-la, deu-lhe a mão e ouviu as suas últimas palavras:
-
Mariana, a minha história acaba aqui. Já está escrita. Agora, escreve tu a tua.
E
no exato momento em que uma lágrima “bateu” na mão da Senhora Gorete, ela viajou
para o céu…
Ao
regressar a casa, Mariana reparou que na porta de casa da Sra. Gorete havia um
anúncio que dizia ”VENDE-SE!”. Aquilo despertou um aperto no seu coração.
Bruna Carvalho, 6ºA
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