segunda-feira, 5 de março de 2018


A minha vizinha
                -Mãe, onde está a minha sapatilha? -gritou Mariana.
                -Está na varanda. Estive a limpá-las. -respondeu a mãe.
                - Mas…Não estou aqui.
                -Então procura!-resmungou de novo a sua mãe.
                Mariana foi à varanda de novo, pendurou-se na grade e olhou para baixo.
                -Ah! A minha sapatilha! Como é que ela foi parar à casa da Sra. Gorete?
                Mariana vivia com os seus pais e com a sua irmã no quinto andar de um apartamento em Lisboa. No andar de baixo, o quarto andar, vivia uma velha sinistra, chamada Gorete. Havia rumores de que ela era uma bruxa, pois ela raramente saía de casa e quando caíam coisas na sua varanda, elas desapareciam misteriosamente…Os pais de Mariana e Alice tinham-lhes dito para terem cuidado com a velhota.
                Agora Mariana tinha um problema, a sua sapatilha tinha ido para à varanda da Sra. Gorete. Como iria ela buscá-la? Depois de muito pensar decidiu ficar sem a sapatilha. Era o mais seguro.
                No dia seguinte, ao jantar, a conversa foi séria:
                -Pai! Mãe! Tenho novidades. -começou Alice animada.
                - Diz filha.
                - Recebi hoje os resultados dos exames para entrar na faculdade. Tive dezanove!-gritou ela dando um salto da cadeira.
                -Que bom!-disseram os pais em coro.
                -É, não é? E não se preocupem. Já arranjei uma solução. A tia deixou-me ficar no apartamento dela, no Porto. -informou.
                -Ótimo!-exclamou o pai.
                - Calma Daniel, pensa onde é que a Mariana vai ficar nas férias de Natal que são já daqui a três dias. - preocupou-se a mãe.
                - Fico em casa. -sugeriu a menina.
                - Sozinha?!-exclamaram os pais em uníssono.
                -Sim, qual é o mal. A Mariana já tem treze anos. Já não é nenhum bebé. Pode perfeitamente ficar sozinha em casa.- argumentou a Alice, a favor da irmã.
                - Pronto. Está Bem. Ficas em casa sozinha, mas já sabes as regras. “Não abras a porta a estranhos!”
                Os três dias passaram a correr, principalmente o fim-de-semana.
                Segunda-feira Alice acordou bem cedo para apanhar o comboio. “Dling ,dlong…”
                Era meio-dia e Mariana ainda não tinha acordado. Foi acordada pela acampainha que entoava bem alto. Com dificuldade, Mariana espreitou pelo buraquinho da porta. Não se conseguia perceber bem quem era, mas parecia a velhota e era muito baixa. Ficou muito tempo a pensar quem seria aquela mulher, mas a voz que vinha do outro lado da porta interrompeu os seus pensamentos.
                -Olá. Vim entregar uma sapatilha. Acho que pode ser de alguém daqui.
                Mariana ficou com medo. Apercebera-se de que a senhora que estava à porta era a Senhora Gorete. Não lhe respondeu. Passado algum tempo, a velha foi-se embora.
                Depois de algum tempo Mariana sentiu-se mal com a sua atitude. Então vestiu-se e desceu ao quarto andar. Respirou fundo e tocou à campainha.
                - Pode entrar. -disse uma voz fina e tremelicada.
                A casa da Sra. Gorete era muito velha e cheirava a mofo.
                -Ó minha filha. -disse ela. -Tenho aqui a tua sapatilha.
                Ao dizer aquilo dirigiu-se para um canto da sala onde se encontrava um baú. Ao abri-lo, Mariana verificou que este estava cheio de bolas, de raquetes, e outros brinquedos de plástico.
                -Por que é que o baú esta cheio de brinquedos?- quis saber ela.
                -Sabes, filha desse que o meu marido faleceu eu não gosto de sair de casa e as luz que as janelas irradiam quando estão abertas, atrapalha-me. Desde aí as pessoas arranjaram rumores de que sou uma bruxa. E que faço desaparecer os brinquedos que caem na minha varanda usando uma poção mágica.
                -A senhora não tem filhos?- quis saber Mariana.
                -Tinha uma menina que era muito bonita, ruiva de olhos verdes. Tal e qual como tu. Só que infelizmente faleceu há dez anos, quando tinha apenas três.
                Mariana sentiu pena da senhora. Chegou perto dela e deu-lhe o abraça mis apertado da sua vida. E assim fez-se uma grande amizade. Durante as férias Mariana arranjava sempre um tempinho para fazer companhia à senhora. Ora um dia chegou mesmo convidá-la para ir lá dormir. Tendo conseguido convencer os pais Mariana Lá ficou. Ao meio da noite ouviu uns ruídos estranhos vindos do quarto da senhora. Foi ter com ela e viu que estava a sentir-se muito mal. Chamou uma ambulância e foi levada para o hospital.
                No dia seguinte foi visitá-la, deu-lhe a mão e ouviu as suas últimas palavras:
                - Mariana, a minha história acaba aqui. Já está escrita. Agora, escreve tu a tua.
                E no exato momento em que uma lágrima “bateu” na mão da Senhora Gorete, ela viajou para o céu…
                Ao regressar a casa, Mariana reparou que na porta de casa da Sra. Gorete havia um anúncio que dizia ”VENDE-SE!”. Aquilo despertou um aperto no seu coração.



                                                                                                       Bruna Carvalho, 6ºA













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